Título: Há associação do polimorfismo d727e no éxon 10 do gene tshr com aspectos clínicos e estado nutricional de pacientes com hipotireoidismo congênito primário?
Aluno: Leiliane Cruz Reis
Local: Auditório do Núcleo de Pesquisas em Oncologia
Data: 27/02/2023
Horário: 09h
Resumo:
Hipotireoidismo congênito primário (HC) é responsável por mais de 95% dos casos de HC, sendo uma das causas tratáveis mais comuns de atraso intelectual. Estudos mostraram que o início imediato da terapia é fundamental para evitar complicações neurológicas(BONGERS-SCHOK et al., 2005; LAFRANCHI et al., 2007; SIMONEAU-ROY, J et al., 2004). Pesquisas mostram que variantes no gene do receptor de tireotropina (TSHr) são responsáveis por grande parte dos casos de HC primário (ALBERTI et al., 2002; NARUMI et al., 2009). As mutações causadoras dessas alterações envolvem os dois alelos e o fenótipo é caracterizado por altas concentrações de TSH circulantes e níveis normais ou baixos de hormônios tireoidianos (NOGUEIRA et al., 1999). Alves et al. (2010) investigaram alterações de nucleotídeos no gene TSHr e descreveram as frequências dos polimorfismos P52T, N187N, A459A, L645L e D727E com destaque para o polimorfismo rs1991517 (c.2337 C>G, p.D727E) que apresentou frequência de 10%. O polimorfismo D727E é considerado um fator de risco genético para HC primário e a presença do alelo variante aumenta o risco em 45%, enquanto a presença do genótipo mutante homozigoto aumenta o risco em 2,3 vezes. (KOLLATI et al. 2020). No entanto, os estudos sobre HC em relação ao D727E são limitados. A maioria dos estudos disponíveis sobre associação de D727E são inconclusivos, enquanto outros não mostraram associação entre o polimorfismo D727E e HC primário (GABRIEL et al.1999; KOLLATI et al., 2020; MUSA et al., 2008; RAMOS et al., 2009; DE MARCO et al., 2009). Estudos moleculares são importantes na compreensão da função tireoidiana e para auxiliar no entendimento da fisiopatologia da HC primário e na eficácia das terapias aplicadas. Tendo em vista a heterogeneidade clínica, bioquímica e molecular da etiologia da HC primário, o estudo dos polimorfismos é fundamental para investigar as possíveis associações com os sintomas predominantes dessa doença (ALVES et al., 2016). A pesquisa será realizada no ambulatório de nutrição da Unidade de Referência Especializada Materno Infantil e Adolescente (URE-MIA/PA) e a genotipagem no Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo (ICB/UFPA). Trata-se de um estudo do tipo transversal analítico. A amostra será constituída por crianças e adolescentes do sexo masculino e feminino, de 1 a 18 anos de idade, diagnosticadas com HCP e atendidos na UREMIA. A amostra será composta de informações retrospectivas sobre os estados clínicos, antropométricos e moleculares com base nas informações dos prontuários, e de dados atuais obtidos de novos pacientes. Para a análise molecular serão isoladas amostras de sangue periférico. A coleta de dados acontecerá no período entre janeiro e maio de 2023. Na literatura somente um trabalho relacionou polimorfismos, entre eles o D727E, às manifestações clínicas e até o momento não há estudo que analisem uma possível associação dessa mutação com o estado nutricional. O que faz dessa pesquisa necessária para aprofundamento da investigação da influência molecular no fenótipo clínico e nutricional, a fim de contribuir na melhoria do manejo terapêutico.
Banca Examinadora:
- Dr. Luiz Carlos Santana da Silva (Orientador - UFPA)
- Dra. Marília de Souza Araujo (UFPA)
- Dra. Natércia Neves Marques de Queiroz (UFPA)