Título: Perfil farmacogenômico de populações ameríndias da Amazônia

Aluno: Juliana Carla Gomes Rodrigues

Local: Videoconferência - Link

Data: 03/10/2022

Horário: 14h

Resumo:

As reações adversas a medicamentos constituem uma importante causa de morbidade e mortalidade comumente encontrada diante de diferentes esquemas terapêuticos. Cerca de 20 – 30% das causas destas reações são devido à variabilidade genética individual dos pacientes. A farmacogenômica concentra-se na identificação das variantes genéticas que influenciam na eficácia, resposta e/ou toxicidade de fármacos por alterações na farmacocinética ou farmacodinâmica. Sabe-se que as investigações farmacogenômicas possuem um viés de ordem populacional, já que as frequências alélicas de importantes loci farmacogenéticos variam intensamente entre diferentes populações geográficas, ou seja, existe uma variabilidade interétnica observada nos padrões de eficácia e tolerância a fármacos. Grande parte dos estudos farmacogenéticos são realizados majoritariamente em populações caucasianas. Dessa forma, há uma lacuna no conhecimento acumulado sobre as variantes farmacogenômicas em populações pouco estudadas, como as populações ameríndias, especificamente, os grupos étnicos localizados na região Amazônica brasileira. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é descrever o perfil de variantes genéticas presentes em populações ameríndias relacionadas a 160 genes envolvidos em processos de absorção, distribuição, metabolismo, excreção e vias biológicas de diferentes terapias farmacológicas. Para isso, utilizamos dados obtidos através do sequenciamento completo do exoma de 64 indivíduos de diferentes grupos étnicos da Amazônia brasileira. A extração do DNA foi realizada usando fenolclorofórmio. As bibliotecas foram preparadas usando os kits Nextera Rapid Capture Exome (Illumina) e SureSelect Human All Exon V6 (Agilent). A análise de bioinformática foi realizada pelo software ViVa®. O estudo relata um total de 3311 variantes; destes, 167 são exclusivos de populações ameríndias e 1.183 estão localizados em regiões codificantes. Entre essas novas variantes, encontramos variantes codificantes não sinônimas nos genes DPYD e IFNL4 e variantes com alta frequências alélicas em regiões intrônicas dos genes MTHFR, TYMS, GSTT1 e CYP2D6. Além disso, 332 variantes com significância alta ou moderada (impacto disruptivo ou não disruptivo na eficácia da proteína, respectivamente) foram encontradas com frequência mínima de 1% na população ameríndia da Amazônia. Os dados aqui relatados servem como base científica para futuros protocolos de tratamento guiados farmacogeneticamente específicos de populações ameríndias amazônicas, bem como para populações miscigenadas com alto grau de ancestralidade ameríndia, como a população do Norte do Brasil.

 

Banca Examinadora:

  • Dr. Sidney Emanuel Batista dos Santos (Orientador - UFPA)
  • Dra. Fabiana Barzotto Kohlrausch (UFF)
  • Dr. João Farias Guerreiro (UFPA)
  • Dra. Mara Helena Hutz (UFRGS)
  • Dra. Marianne Rodrigues Fernandes (UFPA)